Resumo
Este
artigo é uma reflexão sobre as práticas pedagógicas em eLearning,
elaborado a partir de uma entrevista a um professor com experiência em
ensino seguindo o método do eLearning, bem como da reflexão pessoal do
autor do artigo, trata o artigo de perceber que dificuldades podem
existir na implementação das práticas pedagógicas em contexto do
eLearning.
O
artigo foi elaborado na sequência das actividades do Mestrado de
Pedagogia do eLearning, da Universidade Aberta, tendo por objectivo,
lançar alguma luz sobre as questões que podem turvar ou inquinar as
práticas pedagógicas no eLearning e os processos que pode ser utilizados
para obviar essas dificuldades sem prejuízo da inerente qualidade e
excelência de ensino que deverá ser a todo o custo mantida.
Abstract
This article is a reflection on the pedagogical practices in eLearning, drawn from an interview with a teacher experienced in teaching by using the
method of eLearning as well as personal reflection of the author of the
article; the article is about realizing that there may be difficulties
in the implementation of pedagogical practices in the context of
eLearning.
The article was prepared following the activities of the Master of Pedagogy of eLearningat the Universidade Aberta, with the aim of shedding
some light on issues that can cloud or pollute pedagogical practices in
eLearningand the processes that can be used to address these
difficulties without prejudice to the inherent quality and teaching
excellence that must be maintained at all costs.
Introdução
Independentemente
das várias abordagens que se possam fazer ao ensino à distância, o
modelo EaD, trará sempre algumas questões pertinentes que importa ter em
atenção, até porque existem vários modelos que foram sendo propostos ao
longo da evolução do ensino à distância, modelo do “Estudo
Independente,” Wedemeyer (1971), Modelo Industrial, Otto Peters (1994)
ou a Teoria da Comunicação de Garrison (1989), para citar apenas alguns
exemplos, esses modelos são a resposta científica esquematizada que
pretende responder a uma necessidade, com diz Patrícia Behar “O modelo é
um sistema figurativo que reproduz a realidade de forma mais abstracta,
quase esquemática e que serve de referência” (Behar et al).
Definido
que está o modelo, ao professor e ou formador, interessa definir a
abordagem que pretende seguir para implementar esse modelo. A abordagem
escolhida, behaviorista, cognitivista, construtivista ou conectivista
para citar as mais influentes, condicionam as práticas pedagógicas,
sendo que essas práticas são sempre o cerne de uma boa aprendizagem.
Boas Práticas
Um
dos elementos determinantes para uma boa aprendizagem é o professor
online, que deverá ser a força motriz, dinamizadora do conjunto da
aprendizagem, consubstanciando a sua actuação na implementação das
várias ferramentas e recursos, motivando o aluno no seu processo de
aprendizagem, citando o Professor Paulo Simões “ … se o facilitador, não
for um elemento muito atento, extremamente disponível, com enorme
capacidade de adaptação ao grupo de formandos e aos novos desafios que
lhe forem surgindo não haverá possibilidade de sucesso na componente
pedagógica do curso.” Simões (2011).
Dessa
afirmação resulta que uma das boas práticas pedagógicas é a
disponibilidade que deverá ser o ponto de honra do docente online,
aliada à concepção de materiais pedagógicos que motivem e apoiem a
aprendizagem, bem como uma estruturação cuidada da aprendizagem,
recorrendo à utilização de ferramentas que possam facilitar o processo
de aprendizagem, numa prática que citando Coutinho (2011), “Muito
exigente para o professor … e para o aluno!”
A
publicação e disponibilização dos produtos produzidos em contexto da
aprendizagem, para que de um modo mais abrange se possam estabelecer
relações de transmissão do conhecimento mais profícuas e capazes de
suscitar uma mais ampla discussão colaborativa no processo de aprender
determinado conteúdo ou conteúdos, instituindo uma completa
transparência sobre o modo de produção de conteúdos, no dizer de Simões
(2011), “A transparência, da qual o Prof. Morten Paulsen é também um
fervoroso adepto, consubstancia-se na exposição pública consentida dos
materiais e recursos produzidos em determinado contexto formativo.”
Essa
transparência, modela de certa forma e impele o aluno a almejar mais e
melhores conteúdos, que possa partilhar e ou participar na sua produção,
criando também uma mais sólida identidade de rede, uma identidade que
promove o conhecimento e cria laços entre o aluno, o professor e a
comunidade científica, todos esse nódulos de transmissão e produção de
conhecimento acabam por ser relevantes e caucionam o aluno a responder
perante a rede ou redes em que está integrado, sobre o trabalho que
produz, citando Simões (2011) “…a construção de uma identidade em rede,
permite, quer ao professor, quer ao aluno, dependendo do nível pessoal
que cada qual já atingiu, usar as suas ligações para potenciar a sua
aprendizagem…”.
O
grande trunfo das práticas pedagógicas em eLearning é a flexibilidade,
que exige ao aluno e ao docente uma maior capacidade de resposta aos
conteúdos e de empenho, ainda que seja essa flexibilidade que cada vez
mais se pretende estendida a um conceito multiplataforma, que facilita a
aprendizagem e a torna mais fácil de ser apreendida. Nessa
flexibilidade o docente tem um papel extremamente relevante como
motivador da aprendizagem, citando Gautreau et al “Instructors need to
provide two types of feedback: information feedback and acknowledgment
feedback”. Neste ponto convirá referir que os métodos assíncronos
dominam esta capacidade de flexibilidade do eLearning, tornando essa uma
prática pedagógica a explorar, como afirma Simões (2011), “…práticas
pedagógicas sustentadas em comunicação síncrona retiram essa
flexibilidade e são constrangedoras de autonomia. Considero que as
práticas pedagógicas em eLearning devem assentar, preferencialmente em
formatos assíncronos que permitam por um lado aumentar o grau de
autonomia e de gestão do tempo dos alunos e aproveitar o potencial das
novas tecnologias de informação e comunicação.”
O
que nos leva aos constrangimentos técnicos, provocados por lacunas quer
no aluno quer no docente que podem obstar a um desenvolvimento seguro e
eficaz, facto referido por Gomes (2008), “Necessidade de
desenvolvimento de novas competências em alunos/formandos e
professores/formadores.”
Tal
facto é no entanto complementado também por modelos síncronos, conforme
a opinião de Bottentuit & Coutinho (2008), ao afirmarem “Com o
advento da internet foi possível a criação de ambientes virtuais de
aprendizagem apoiados em modelos de comunicação bi-direccional, síncrona
e assíncrona…”Parece pois óbvio que o docente de eLearning necessita de
incluir nas suas práticas uma flexibilidade e disponibilidade que
construa uma relação forte entre os conteúdos e o aluno, servindo como
ponte e ponto de contacto ou linha agregadora de todo o processo de
aprendizagem. O docente necessita de conduzir a aprendizagem, essa uma
condição pedagógica para um bom processo de aprendizagem, citando
Pereira et al, “…a assunção de que a interacção docente-discente é
fulcral para a superação de sentimentos de isolamento, para a manutenção
de um alto índice de motivação…” o que transformam as práticas
pedagógicas em algo a que já se chamam “Open Educational Pratices”,
definidas em Ehlers (2011), “ OEP are defined as practices which support
the (re)use and producction of OER through indtitutional policies,
promote innovative pedagogical models, and respect and empower learners
as co-producers on their lifelong learning path.”
Conclusão
As
práticas pedagógicas do eLearning revestem-se de amplos campos de
actuação, podendo ser muitas as dificuldades de implementar boas
práticas pedagógicas, como a avaliação dos conteúdos e da aprendizagem, a
disponibilidade e a flexibilidade. Também fica claro que os entraves
tecnológicos, quer das redes que suportam a aprendizagem, quer a falta
de conhecimentos tecnológicos de professores e a ou de alunos pode fazer
perigar a aplicação de práticas pedagógicas, citando Simões (2011),
“Qualquer grau de competência tecnológica condiciona as práticas
pedagógicas. É uma das géneses pelo qual considero que a prática
pedagógica a implementar é contextual.” Não será de todo despiciendo,
referirmos que as dificuldades podem de facto minar uma boa aprendizagem
no dizer de Duarte (2008), “ Nesse sentido, queremos alertar que mesmo
um “bom” ambiente de e-learning pode ter um efeito neutro, ou mesmo
negativo, na aprendizagem, se não estiver alinhado com outros
componentes vitais do contexto.”
As
práticas pedagógicas e a sua boa implementação dependem em muito de um
grande nível de empenho de todos os intervenientes do processo de
aprendizagem, sendo que por si só, apesar de serem uma componente
importante, as práticas pedagógicas não são garante do sucesso. A
motivação, a auto aprendizagem, a aprendizagem colaborativa o garantir o
processo de comunicação a flexibilidade e disponibilidade do professor,
a disponibilização e criação de conteúdos e subsequente processo de
avaliação, os fóruns e plataformas de discussão, os contractos de
aprendizagem e toda a actividade contextualizada dentro de um processo
de aprendizagem em eLearning, podem não ser garante de um bom processo.
No
entanto a implementação de todas essas práticas pedagógicas, com
recurso a todas as ferramentas que se possam lançar mão para dinamizar a
aprendizagem. A presença do professor é essencial para garantir uma boa
dinâmica de aprendizagem. Todas as práticas pedagógicas referidas, até
ao presente momento, são de extrema importância quando em causa está o
modelo de eLearning tanto mais que a falta de implementação de alguma
dessas práticas poderá fazer perigar a aprendizagem.
Referências:
Behar,
Patricia A.; Passerino Liliana; Bernardi, Maira. Modelos Pedagógicos
para Educação a Distância: pressupostos teóricos para a construção de
objectos de aprendizagem. Disponível em: http://www.cinted.ufrgs.br/ciclo10/artigos/4bPatricia.pdf. [Consultado em 6/12/2011]
Coutinho, Clara P. (2011). Práticas Pedagógicas em e‐learning, Universidade do Minho. Disponível em: http://www.tecminho.uminho.pt/UserFiles/File/C2011_Praticas_Pedag_%20eLearning.pdf. [Consultado em 8/12/2011]
Gomes,
Maria J. (2008). Reflexões sobre a adopção institucional do e-Learning:
Novos desafios, novas oportunidades. 2008 Revista E-Curriculum, São
Paulo, v3, n2, junho de 2008. Disponível em http://www.pucsp.br/ecurriculum. [Consultado em 9/12/2011]
Pereira,
Alda; Quintas Mendes, António; Morgado, Lina; Aires, Luísa L.A. Um
Modelo Pedagógico para o ensino pós-graduado em regime de e-learning.
Centro de estudos em Educação e Inovação – Universidade Aberta.
Disponível em sites.google.com/.../oprofessoremensinoonline/universidade-aberta. [Consultado em 12/12/2011]
Ehlers,
Ulf-Daniel. (2011). From Open Educational Resources to Open Educational
Practices. eLearning Papers, March 2011. Disponível em www.elearningpapers.eu. [Consultado em 20/12/2011]
Duarte,
António M. (2008). E-Learning e abordagens à aprendizagem no ensino
superior. Sísifo. Revista de Ciências da Educação. Disponível em http://sisifo.fpce.ul.pt. [Consultado em 26/12/2011]
Simões, Paulo. (2011). Entrevista. Disponível em http://processo-de-entrevista.wikispaces.com/Perguntas+e+Respostas.
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