Introdução
A Pedagogia no sentido lato e cientifico do
termo, preocupa-se com a educação, se quisermos ser mais líricos diremos que é
a arte te ensinar, ou indo ao étimo grego a arte de conduzir ou de orientar crianças
na descoberta do mundo do conhecimento. Suportada por vários outros ramos da
ciência, a saber; a filosofia, a psicologia, a sociologia e a antropologia,
entre outros ramos do conhecimento a Pedagogia tem conhecido, nos seus métodos,
poucas alterações nesta última centúria.
Ora, as mais recentes décadas, passadas que
estão, despertaram a pedagogia da sua aparente letargia, o surgir ou refinar de
modelos de ensino à distância, vieram trazer a necessidade de repensar a
pedagogia, poderemos então falar de uma pedagogia online, ou de uma pedagogia
Web 2.0?
Os estaremos apenas a utilizar os velhos
métodos para fazer face às novas exigências, ou serão, novos métodos
pedagógicos necessários, para o eLearning? Não é fácil responder a estas
questões, sendo que o mais óbvio, é tratar genericamente, todas estas questões com
uma atitude tipicamente filosófica de «tudo colocar em questão».
As
três gerações
Estamos hoje ainda em presença de três
gerações de modelos pedagógicos (Anderson, Dron 2011), nomeadamente os modelos
cognitivo-comportamental, construtivista e modelo do conectivismo. Sabemos que
o ensino à distância explora todos estes modelos, com o objectivo de produzir
educação à distância de qualidade (Anderson, Dron 2011), mas será que estes
métodos continuarão a permitir o ensino quando se trata do e-Learning, não
esquecendo que o modelo do conectivismo é um modelo que advém desta novel era
do digital.
O modelo, cognitivo-comportamental, centrava-se
na modificação de comportamentos através do estímulo e da resposta às
circunstâncias para melhor adaptação, o ensino processava-se através de
associação de conteúdos e reforço dos mesmos. Por outro lado a visão
construtivista promove a construção do conhecimento pela experimentação
valorizando a atitude e as competências. O modelo conectivista será o mais
orientado para a nova perspectiva do eLearning, a aprendizagem promove-se como
uma participação social, todas as interacções sociais são valorizadas, é o
modelo da colaboração activa.
Sem descorar os modelos anteriores, o
paradigma pedagógico do eLearning, acessibilidade total, a qualquer hora e em
qualquer local (Grossek, 2008), suscita dúvidas, sendo no entanto óbvio que a
solução do conectivismo será o ponto de partida, para implementar novos métodos
pedagógicos.
Espaços de aprendizagem
O eLearning, aproveitando o desenvolvimento
tecnológico, veio trazer a possibilidade de novos espaços e ferramentas, mais
ou menos colaborativas para o ensino. O próprio espaço físico, da sala de aulas
está em mudança1, o eLearning, age como modo desafiador, a pedagogia,
do eLearning necessita de um novo conjunto de capacidades técnicas e
conhecimentos, que advém do facto dos espaços de aprendizagem estarem a mudar,
desde logo se percebe, que é necessária uma revisão sobre os métodos
pedagógicos que preparem novos modelos de aprendizagem, não se tratar apenas de
introduzir novas ferramentas ou novas técnicas, trata-se também de assegurar a
conectividade, as questões técnicas básicas de acesso, de disponibilidade, de
confidencialidade, de integridade e de autenticidade, bem como de segurança,
que garantam que os sistemas se mantém num estado optimizado de utilização.
Poderemos então falar da necessidade de uma
ePedagogia, que não só utilize os anteriores modelos, ou características dos
mesmos, sempre que tal se proporcione, mas que rompa e trilhe caminhos
próprios. É interessante verificar que a caminha da pedagogia do ensino à
distância foi evoluindo sempre em crescendo no que concerne ao papel do
aprendente, do indivíduo do modelo cognitivo, passamos ao grupo no modelo
construtivista e foi um salto até à rede no modelo conectivista, clara
evidência da transformação dos espaços e consequente adaptação do método
pedagógico às novas circunstâncias.
1http://www.usatoday.com/tech/news/2011-07-20-south-korea-tablet-pc_n.htm
Conclusão
Na introdução deste artigo, questiona-se a
necessidade de uma pedagogia que acompanhe o modelo eLearning. É de crer que
tal seja um facto, dado que o novo discente do eLearning, primará pelos
processos de conhecimento activos, pelo fazer e pelo construir adoptando
experiências de aprendizagem autênticas e concretas ao invés de apenas seguir
tarefas impostas, serão por isso necessários novos métodos, uma nova pedagogia,
a rede veio propiciar esse tipo de educação, os métodos adaptar-se-ão ou
sucumbirão naturalmente devorados na voragem cada vez mais exigente do
eLearning, o modelo conectivista é uma excelente base de partida poderá não ser
a solução última, mas é por certo um modelo que abre excelentes perspectivas.
Não se pode negar o potencial incrível que o
eLearning possui para alterar o paradigma da aprendizagem e as relações entre
docentes e discentes, os velhos métodos podem não ser de todo despicientes, mas
podem igualmente necessitar de novas abordagens e medidas concretas de
desenvolvimento de um modelo de pedagogia que se adapte às circunstâncias e à
natureza do modelo eLearning.
A pedagogia do eLearning assenta pois, nos
modelos pedagógicos anteriores, que ao invés de serem considerados obsoletos
vão complementando essa nova abordagem, acreditamos que futuras abordagens
sejam exploradas e dependam concretamente dos avanços e das tecnologias que
serão colocadas à disposição dos novos métodos de ensino nomeadamente do
eLearning. Com este facto em mente, resta-nos aguardar pelos próximos
desencovimentos, convictos porém de que a pedagogia do eLearning é um modelo
que será necessário implementar e cultivar como resposta aos novos desafios
colocados quer pela tecnologia quer pelos alunos, elementos desafiadores de
novas abordagens pedagógicas.
Referências:
Vídeo:
Olá Francisco ;-)
ResponderExcluirMuito interessante o post apresentado, sem dúvida que as diferentes teorias assumem um papel importante na pedagogia do eLearning, ao “invés de serem considerados obsoletos vão complementando essa nova abordagem”. O conetivismo, como referes “é uma excelente base de partida poderá não ser a solução última, mas é por certo um modelo que abre excelentes perspetivas”, modelo este que assenta em aspetos já cobertos no passado, por diferentes autores (Vygotsky, Papert, Clarck, entre outros).
Parabéns!
Carla Cardoso